quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Viver

Quando meu filho estava com um ano e quatro meses aconteceu algo em minha vida que me deixou perplexa, sem poder dizer alguma coisa. Alguém do outro lado da cerca dizia: "Este menino é meu, ou vai ser meu, você não ganha ele mais". Com tão pouca idade meu nenê falava quase tudo e desde os nove meses já andava, e era cheio de
saúde e de uma inteligência extraordinária. O que aconteceu vou contar: o menino brincava no pátio e foi até a cerca do vizinho. Do outro lado havia uma pequena marcenaria, do senhor Camilo Andreatta, e ali trabalhava um homem de profissão
marceneiro, é claro. Era um homem muito sofrido e alcoólatra. Esse homem conquistou o amor de meu filho. Passando-o por cima da cerca e levando-o para junto de si, na pequena marcenaria, dando martelo e pregos para o menino brincar. Quando eu dei pela falta de meu filho corri para o pátio, comecei a chamar e fiquei desesperada. Todos
vieram em meu auxílio na procura do nenê quando então, da pequena fabriqueta, ouvi uma voz que dizia: "Dass ist mein Junge" (Esse é o meu menino) e, com o menino nos braços, esse homem que eu não conhecia disse "venha buscá-lo, mas deixe que ele venha todos os dias me ver, por favor, faça isto por mim". E assim foi passando o tempo e, mesmo sem minha ordem, o menino corria para a cerca e com os bracinhos levantados dizia "upa, tio, upa". Entre todas as palavras que ele dizia, essas ele pronunciava bem à beça. Após o homem conquistar o menino, chegou então a minha vez. Ao meu patrão, ele pediu licença para falar comigo, mas eu não quis. Daí aconteceu mais um fato extraordinário na minha vida.

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