quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A Rodoviária

Será que existe alguém neste mundo que não sabe ou que não conhece a uma rodoviária?
Moço, uma rodoviária é um lugar muito bem instalado e organizado, para receber os ônibus que transportam a gente de todo o Brasil, ou melhor, do mundo. A rodoviária, moço, é onde há tristezas e alegrias, é onde milhares de pessoas embarcam e desembarcam, que chegam e que partem, para perto ou para longe. É um lugar de acenos e de lágrimas, onde muitas vezes se despede alguém, que espera-se volte logo, e às vezes nunca mais retorna. Na partida dos ônibus os alto-falantes anunciam para o
embarque e os corações se separam, digo os corações porque a alegria nos invade na alma e atinge o coração. É assim, nos olhos de cada um vê-se logo se está triste ou alegre com a despedida do outro, sim, porque o coração e os olhos são dois amigos leais, quando o coração está triste logo os olhos dão sinais. Crianças brincam alegres na rodoviária, devorando os deliciosos bombons e pipoca que a mamãe comprou, o homem entra na lanchonete e toma um café com sanduíche, a senhora toma um refresco com doces, os jovens uma cervejinha, mas todos esperando a sua vez do alto-falante anunciar a partida, e seja ela triste ou alegre, vem a despedida e esta geralmente é dura. É a exemplo de tudo isto que eu tenho aqui, no meu peito, um coração apertadinho e muito triste pela despedida que tivemos hoje, eu e meu marido, na rodoviária de Curitiba, PR, ao meio-dia. Despedida do nosso filho, que ficou na rodoviária acenando a mão, que reluzia seu relógio de pulso com o sol do meio-dia, que certamente dizia "até logo, meus pais", eu daqui ainda repito "até logo, meu filho".
(2.6.1974)

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