quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Durante dias eu ficava sozinha com meu filhinho, que com seus três aninhos era meu maior consolo, e se eu estava agüentando tudo aquilo era por ele, porque apesar de tudo eu ainda tinha fé num futuro melhor. E ali estava eu, com uma fé maior que o próprio universo, uma alma crente e um coração em pedaços, sempre acreditando num futuro melhor. Quando a noite caia e nada de meu marido voltar ao lar, o pouco de comida que tinha dava para o menino, que depois dormia tranqüilo. Então eu ia para a varanda da nossa velha casa e ali chorava até me doer o corpo todo, de tanto soluçar, com os olhos para a rua, vendo se enxergava um farol de bicicleta: seria, então, meu marido chegando das farras da noite. Era isto aí um futuro melhor? Mas como, se eu nem sabia mais sorrir. Quando alguém falava comigo sem saber da minha mágoa, do fundo do meu coração eu tinha vontade de dizer: "Tira o teu sorriso do
caminho para eu passar com a minha dor". Talvez eu tenha sido muito pessimista, mas é a realidade, é um passado que ficou para traz e calou fundo em minha alma, mas nem por isto devemos esquecê-lo. É bom lembrar o passado mas sem rancor ou ódio, sem magoar ninguém. O filho já crescido, cursando o segundo científico, teve que servir o Exército na capital federal, Brasília, um ano de Serviço Militar. Tomando outra etapa de nossa vida, digo que depois de dois anos de tratamento o meu marido deixou completamente o vício da bebida. A minha maior preocupação era meu filho. Recebi uma carta dele, dizendo ter sido internado três meses num hospital. Peço a Deus que nos ajude e dê ao nosso filho toda a saúde possível, para que ele possa estudar e trabalhar. Não é egoísmo de minha parte quando digo que o filho precisa trabalhar, absolutamente, é apenas porque, do meu ponto de vista, todas as pessoas devem trabalhar, pois o trabalho ajuda a vivenciar em todos os sentidos: o físico, o moral e o financeiro.

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