quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Um momento na minha vida

Há momentos na vida de cada pessoa que não dá para esquecer... Hoje, dia 16 de novembro de 1974, às 10 e meia da matina, em minha casa acompanhando o desenrolar dos resultados das eleições que se realizaram ontem, dia 15, portanto, quando me foi chamada a atenção pelo nosso cão de guarda, que com grande persistência latia sem parar. Fui ver o que se passava, mas não pude ver nada, voltando ao meu posto, isto se tratando de que o cão é guarda de uma casa nova, que está em construção. Mas o animal continuou latindo e com maior força dava arrancadas na corrente que o prendia, então voltei correndo e, quando cheguei perto do animal, ele parecia apontar
para algo que estava acontecendo, fui ver e de repente estava frente à frente com um homem mal encarado, que parecia ser muito mau. Perguntei o que queria, mas ele não respondeu e se dirigiu para a porta da rua, e daí sim começou a me insultar com palavras de baixo calão. Segui o indivíduo e logo vi se tratar de um malandro. Naquela hora perdi o controle e gritei com ele, disse que chamaria a polícia, se não falasse o que estava fazendo naquela hora na minha casa em construção. Ele nada disse, e alcançou a rua quebrando o portão de saída, evadindo-se rapidamente, subindo pela rua Venâncio da Silva Porto. Parece que foi Deus que naquela hora fez
passar por aí o soldado Nunes, da polícia de nossa cidade, eu aproveitei e registrei a queixa como precaução, pois eu estava sozinha, meu marido havia saído a negócios. O soldado foi no encalço do elemento e, sem muito papo, deu voz de prisão por invasão de domicílio, levando-o em seguida até a delegacia, onde foi preso. Foi aquela a primeira vez que entreguei alguém à polícia, e não pensem que senti satisfação, pelo contrário, me senti muito mal, bastante triste, por ter que fazer aquilo. Quando olhei para o rosto do homem que dizia ao policial não me maltrate, não me machuque, sinceramente me doeu, eu não queria que aquilo acontecesse, mas eu precisei tomar uma providência. Agora, neste exato momento, meu marido foi ao Distrito Policial local para ver o homem, já que ele não estava em casa quando o fato aconteceu. Não sei porque essas coisas acontecem comigo. Se eu fosse escritora
diria "são pequenas coisas grandes que marcam a vida da gente".

(16.11.1974)

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