quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Mas Deus Onipotente dá sempre a roupa conforme o frio, a emoção conforme a capacidade de suportá-la, quando nos fecha a porta abre-nos uma janela, e para que a gente não se sinta totalmente por baixo, nos dá fé, e dentro da fé nasce a esperança, que faz nascer dentro de cada um grande força de vontade. Então, vem a coragem, que faz a gente enfrentar com calma e muita paciência tudo o que aparece pela frente. Seja bom ou ruim, pode-se superá-lo facilmente. Voltando à história com os pais dele, tudo combinado. Fomos para casa e fiquei esperando marcar a data, já que o mês seria julho de 1954. Eu fiquei na casa do meu cunhado, que também era a casa de minha mãe, então viúva, e meu noivo seguiu viagem para Joinville. Ele servia o Exército Brasileiro no 14.º BC, atual 62.º BI. Ali começaria meu verdadeiro Calvário, coisa que se alguém dissesse que aconteceria eu não acreditaria. Eu, sinceramente, amava meu noivo. Quando a gente escreve algo geralmente vem a mente tudo de bom, que já se tenha vivido, mas os maus momentos também devem ser lembrados, porque da mesma forma ajudam a viver, pelo menos para mim. E ali estava eu na frente de um grande Calvário para escalar, e esse foi o sacrifício, do qual nunca posso me queixar, pois quando cheguei no alto Deus me deu o maior presente que recebi em toda a minha vida. Mas, nessa escalada, dia a dia se afastaria mais o homem
que eu tanto amava,me abandonando definitivamente.E foi ali que conheci a desilusão, gente fingida, sem amor, sem coração. Mas, como dizia, aos 29 dias do mês de outubro de 1954, às 2 horas da madrugada, nascia meu filho, que me trouxe esperanças, mais forças para viver e coragem para enfrentar tudo e todos do jeito que desse e viesse. Nascia ali o meu Menino Jesus, com apenas dois quilos e cinqüenta gramas, mas com toda a saúde que Deus pode dar a uma pessoa normal, como era o meu nenê. Chorei de alegria, em companhia de minha mãe, e foi ela que teve a felicidade de tê-lo pela
primeira vez em seus braços. Dali a cinco dias vieram minha irmã e meu cunhado para me levar para casa, mas já aproveitamos para levar o menino à Igreja Matriz de Jaraguá do Sul e o batizamos com o nome que eu mesma escolhi: Loreno Luiz Zatelli. Como o pai não houvesse assumido a paternidade, encontrei meu jeito de homenagear meu
filho: havia na cidade uma família chamada Marcatto, cujo patriarca chamava-se João (como o pai do meu garotinho), com um filho chamado Loreno. Resolvi, também, chamar meu menino de Loreno, nome do filho de João. Meu filho, meu amor, meu sofrimento, meu tudo e meu nada. Lá estava eu chorando, rindo, de alegria, de tristeza, isto nem eu mesma sabia o porquê. Só posso dizer que minha razão de viver era, agora, maior que tudo nesse mundo, pois tinha aquele menino lindo para criar. Seus olhinhos castanhos e seus longos cabelos pretos, que eu afagava constantemente, eram uma maravilha. Mas os dias passavam rapidamente e meu nenê ficou muito comilão, e meus recursos não davam para comprar leite, e lá fui eu para um novo emprego, dessa vez
com o filho nos braços e muita dor no coração.

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