quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O amanhecer

Amanhece o dia, nasce o sol e junto dele eu acordo, abro os olhos e vejo seus belos raios penetrarem por todos os cantos de minha casa. Fecho novamente os olhos e com grande esforço procuro me lembrar um monte de coisas boas que acontecerão no decorrer deste dia maravilhoso, mas nem os raios quentes de um sol bravio conseguem aquecer meu coração, que está frio e desgraçadamente vazio. Olho então para o céu e vejo as andorinhas, ziguezagueando pelos ares, transmitindo toda a felicidade possível,e eu continuo com o coração fechado como um polvo com seus tentáculos recolhidos. Quando Deus deixa amanhecer um dia frio e uma chuva soberba molhando as plantas e caindo forte sobre os telhados, o tédio toma conta de mim, totalmente fria então por dentro e por fora, filosofando sobre o tempo e fico perplexa, o tempo me assusta. Não vejo a possibilidade mental de alcançar tudo o que quero, e acho que
só posso usar a cabeça dez por cento, mas sei que para ter força total deveria usá-la ao menos 90 por cento, e porque não 100 por cento? Eu queria escrever tudo aquilo que sinto, tudo aquilo que sou, mas algo mais forte impede que eu o faça, e assim noto ser uma inútil, uma incapaz de fazer algo por alguém, e desta forma vejo a
morte chegando e eu chegando ao fim.

(21.9.1973)

Nenhum comentário: